Brasil de “Guinhois”

29 08 2011

 

É comum dizer que o brasileiro é passional, mas da onde surge essa passionalidade? A ignorância seria a base para a construção de cidadãos-marionetes?

 

Esse assunto me veio à tona hoje, quando ao pegar o metrô, que como o de costume estava lotado – no sentido literal da palavra. Um homem tentou entrar e insistiu mesmo enquanto a opressiva campainha soava. Quando a porta começou a fechar, o mesmo resolveu se juntar ao gado desistente, mas sua bolsa ficou presa. O metrô, ao contrário do esperado, pelo menos por mim, não abriu e ele começou a correr em busca de seus pertences, os seguranças o fizeram parar e a sacola se foi. Cômico, né? Todos riram. Comentários do tipo: “Ouviu a campainha e ficou tentando, se fu.”.

 

Isso não saiu da minha cabeça, por ver que não é a primeira vez que algo tão hilário acontece no metrô, todos os dias, quando eu estou compactado nele, vejo a gargalhada da massa ao se divertir com a freada brusca e alguns caírem. Vejo a gritaria e a festança feita nas estações, como na Central, quando o gado sai se pisoteando. Será que o brasileiro gosta desses momentos ou apenas vê como modo de viver “desprefixar” a desgraça?

 

Começo a achar que o problema está não no individualismo como muitos dizem, mas uma falta de visão coletiva.Para sermos individualistas, lutaríamos pelas causas próprias e isso não é sempre que ocorre. O foco é que não conseguimos nos ver como nós. Por algumas derrotas históricas do povo, vejo que a união já não faz a força na cabeça dos brasileiros. Exemplo disso é quando um “doido” começa um tumulto. Os protestantes são uns babacas que atrapalham o dia-a-dia, adolescentes sem o que fazer. Os grevistas, como os professores, são uma cambada de concursados que adoram ficar sem trabalhar.

 

Engolimos situações caóticas como normais. Na tevê vemos a personagem da Zorra Total no trem lotado, vemos o caos nas ruas do centro, vemos a violência e digerimos isso com naturalidade. Começamos a achar que isso é o normal.

 

Não, não é normal sermos tratados como animais no metrô, nem em nenhum outro tipo de transporte público. Não “faz parte” não ter nem onde por o pé. Não existe essa de autopiedade e que Deus está vendo e te recompensará. Precisamos nos ver como um grupo, e nesse grupo vermos nossas dificuldades em comum e lutarmos pela solução das mesmas. Enquanto isso não ocorre, os preços dos serviços PÚBLICOS crescem e suas qualidades abaixam.

 

Brasileiro não pode continuar sendo marionete.